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Amor ao próximo

Voluntários estão ajudando as pessoas atingidas pelas enchentes no Rio Grande do Sul

O Rio Grande do Sul sofre com chuvas avassaladoras desde o dia 29 de abril e mais de 90% dos municípios do Estado foram atingidos pelas enchentes, ou seja, 449 das 497 municipalidades. O mais recente balanço divulgado pelo Governo do Estado, na quarta-feira (15), também mostra que 149 pessoas morreram em consequência das chuvas e que mais de 2 milhões de pessoas foram diretamente afetadas, 538.245 delas estando desalojadas. Pelo menos 108 pessoas seguem desaparecidas.

            Desde os primeiros dias da enchente a população tem se mostrado muito solidária com os gaúchos. Muitas pessoas largaram os seus afazeres para ir ajudar as pessoas que estavam necessitando de ajuda. Além disso, os gaúchos estão recebendo doação de roupas, calçados, cobertores, alimentos, água, entre outros itens de todos os Estados brasileiros.

            Um grupo de voluntários dos municípios de Flor do Sertão, Maravilha, Cunha Porã, Tigrinhos, Iraceminha, Bom Jesus do Oeste, São Miguel do Oeste, Iporã do Oeste, São João do Oeste e Riqueza se deslocaram para o Rio Grande do Sul na última quinta-feira (9), para auxiliar a população atingida pelas enchentes. O grupo permaneceu na cidade de Arroio do Meio por cinco dias.

            Conforme um dos voluntários Jovir Zanuzzo, de Flor do Sertão, a organização havia programado pra ir à cidade de Encantado, que também foi devastada; mas ao chegar na cidade de Dr. Ricardo, a 25 km do destino, com o acesso bloqueado para ônibus e caminhões, os organizadores precisaram articular como seguir e onde ir, já que as lideranças de Encantado não mostraram muito interesse em acolher os voluntários. Em contato com lideranças de Arroio do Meio, que foram muito receptivas, ficou decidido ir para lá. O prefeito de Dr. Ricardo forneceu um micro-ônibus e uma caçamba, para levar os voluntários, seus pertences e doações. “Quisera Deus que fosse assim, e não poderíamos ter escolhido lugar mais acolhedor”, enalteceu ele.

Zanuzzo ressalta que ao chegar no município ficou assustado com a situação. “Fiquei muito impactado, até assustado; como me sensibilizo fácil, até me senti impotente, sabe; tipo, por onde começar? A gente acaba querendo registrar, mostrar pra outras pessoas, tentar despertar atenção para mais pessoas irem ajudar, porque tem muito serviço”, frisou.

            Um dos momentos mais marcantes que Zanuzzo destacou foi a chegada, o impacto, o susto que levaram; e depois, percorrendo a pé alguns locais da cidade, que ficaram totalmente devastados, cenário desolador; isso foi impactante. “Mas no coração fica marcado o carinho recebido em Arroio do Meio: os organizadores, os padres, os bombeiros e a polícia, as famílias que ajudamos, aqueles que preparavam nossa alimentação; e, claro, o aprendizado que uma experiência assim nos possibilita”, enfatiza o voluntário.

            Durante os cinco dias do grupo de voluntários catarinense em Arroio do Meio, ficaram alojados numa ampla sala de catequese da Paróquia local, que foi disponibilizada pelos padres Décio e Alfonso, sempre muito solícitos e atenciosos.

Conforme Zanuzzo, desde o início eles se colocaram à disposição dos organizadores locais, que encaminhavam os voluntários para serviços mais urgentes: descarregar e organizar as doações/mantimentos que chegavam em caminhonetes, caminhões e carretas; carregamento de mantimentos para entrega às famílias e nos locais de redistribuição; limpeza de locais públicos, como Secretaria de Educação, e também a igreja; limpeza de casas para que pessoas retornassem ao seu lar - nesses casos a ajuda também era motivacional, já que a tristeza era grande.

Situação do município no momento

Segundo Zanuzzo, as chuvas do último final de semana voltaram a causar problemas, alagando inclusive casas que já tinham sido limpadas, e prejudicando diversos serviços, inclusive de logística; mas a boa organização local está fazendo a diferença; o essencial é que não falte água e comida às pessoas prejudicadas, que estão em casas de parentes e amigos ou em abrigos, algumas sem previsão de retorno, já que a reconstrução, em algumas áreas, nem será mais permitida. O município nunca mais será o mesmo.

            Ele ainda destacou que a questão psicológica das pessoas é preocupante. “Esse é o maior drama; muitas famílias já tinham sofrido demais com as duas grandes enchentes do ano passado e agora essa, bem mais destrutiva, que literalmente varreu alguns lugares, onde não será mais permitido edificar; a gente vê tristeza no olhar, vê incerteza, vê medo; e nesse sentido é importante a ajuda emocional, que tentamos prestar em diversas situações, tentando levar otimismo e não ser apenas mais um pra sentar e chorar; acredito muito na força da presença positiva, que gera esperança, apesar da dor”, enalteceu. 


 

Reconhecimento

“É marcante você sujar as mãos, se molhar, fazer um sacrifício pra ajudar a limpar uma casa de alguém que você não conhece, mas que depois te chama de "anjo enviado por Deus"; é profundamente gratificante receber abraços apertados de gente que parece dizer "fica aqui", quando a gente está partindo; todos os momentos foram marcantes, o trabalho diário e também os momentos de roda de amigos à noite, entre nós voluntários, tentando se divertir e aliviar um pouco a angústia, porque todos ficam impactados e esses momentos são fundamentais”, frisou ele.  

            Zanuzzo ainda ressalta que assim que chegaram em casa, junto com mensagens de gratidão, já chegaram novos convites. “A gente tem trabalho aqui, tem responsabilidades, que precisam ser honradas. Mas certamente quero voltar, por mim, teria ficado lá, porque sei como seríamos úteis diante de tanto trabalho”, enfatizou.

Ele aproveita o momento para agradecer a todos que auxiliaram para estar prestando o serviço voluntário no estado vizinho. “Gratidão à Michele Tur, que forneceu o transporte, ao comércio de Flor do Sertão que apoiou com mantimentos e materiais, às lideranças e pessoas que contribuíram voluntariamente para subsidiar à estada no Rio Grande do Sul e da equipe”, finaliza.

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